sábado, 25 de setembro de 2010 | By: Ócios do Ofício

O Adeus



Não sei o que aconteceu. O que tínhamos já não existe mais. Algo tão bom que deixou de existir com uma rapidez que me surpreendeu. Quando dei por mim, já não era a mesma coisa e nossa relação mostrou-se intensa, mas finita, e nesta última mantenho minhas palavras. Não posso mais, acabou. Carregar-te comigo não tem mais sentido, apenas faz lembrar-me do que era e não é mais, tudo virou passado.
Penso nos momentos que precederam nossa despedida, triste e amarga adaga que transpassa o peito lenta e dolorosamente. Lembro-me de estar distraído quando, pela inocente indagação de um amigo, fui deixado em tua presença. A intimidade cresceu tão logo quando eu te olhei pela primeira vez. Despi-te devagar e saborosamente e, enquanto meus dedos iam, ao compasso de uma mansa melodia, revelando tua pele rosada, mordia levemente os meus lábios em um gesto de impaciência ao prazer eminente. Toquei-te primeiro com os dentes, acariciando suavemente seu pequeno corpo de modo a deixá-lo mais maleável, quase molenga, e, na ausência de qualquer reprovação, jogava-te de um lado para o outro, sentindo todo o teu sabor, toda sua doçura. Minha língua estremecia ao investigar-te por inteiro, tuas curvas, saliências, tuas marcas.
Agora não me passa na mente outra idéia senão a de deixar-te. Não consigo aplacar o desconforto de ficar contigo. Já não és tão doce quanto costumava ser, nem tão flexível ou agradável. Acatou a rigidez como melhor amiga e passou de adocicada presença a um fardo intragável. Sinto dizer-te que não aguento mais, que cheguei ao meu limite. É isso. Acabou. Não posso mais. Adeus chiclete de morango!




Rafael Rogério Santos

2 comentários:

Maira disse...

*--------------* parabéns! apenas parabéns, o texto está lindo!

Anônimo disse...

demaaaais! *-*

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