segunda-feira, 22 de novembro de 2010 | By: Ócios do Ofício

A Armadilha da Pressa é o Medo


Seres horrendos habitando armários, monstros vivendo embaixo da cama e, é claro, o famigerado bicho papão. Seja qual for a entidade imaginária que lhe tenha perturbado o sono em sua infância e iniciado uma série noites mal dormidas ao lado dos pais e urina na cama, é certo que em algum momento sua mente foi vítima de sua própria imaginação. Mas o mais incrível é que algumas pessoas insistem em se deixar abater por essas criações que mascaram a realidade e as impedem de crescer, tudo porque não param para refletir. De alguma forma, aprendemos a ter medo daquilo que não existe, e pior, somos afetados por estas fantasias.
Um falso amigo, um falso amor, um falso carinho geram uma falsa desilusão - apesar de esta doer de verdade. Cansei de ser vítima da minha própria mente, dos meus atropelos, das minhas pressuposições. Estou farto – e sei que não sou o único – dessa minha pueril mania de viver a mil por hora sem olhar para os lados, para depois ser atropelado pela minha própria realidade.
Todos já caímos na armadilha da nossa incontrolável pressa. Não me refiro àquela do dia-a-dia, recheada de buzinas de automóveis e palavrões de toda sorte. Refiro-me à impaciência inerente ao ser humano de ser feliz e que nos leva ingenuamente ao sinuoso caminho da enganação. É difícil ter calma e esperar por qualquer coisa quando se tem internet, fastfood  e aviões a jato. Queremos tudo aqui e agora. Seja uma informação, um sanduíche ou o par perfeito. Ninguém quer se conhecer, trocar idéias ou abster-se de algo. Alguns acham que tudo que se precisa é alguém preenchendo os requisitos da pesquisa seguinte à página do horóscopo.
A verdade é que a felicidade é simples, mas não é fácil. É preciso paciência, calma e sacrifício, sendo as duas primeiras as mais importantes. É preciso pensar, do contrário, continuaremos carregando conosco o medo e a angústia de viver uma farsa.
Rafael Rogério Santos

Quadros e Tijolos



Há pessoas que pensam que foram as suas vitórias as responsáveis por quem elas são hoje, por quem se tornaram. Discordo. Vitórias são como belos quadros para os quais gostamos de olhar, mas são as falhas os tijolos com que construímos as paredes para pendurá-los. São elas que nos ensinam como prosseguir, nos mostram as nossas fraquezas e testam nossa força. Não há prova maior de perseverança do que ter se empenhado muito em algo que não deu certo e continuar tentando. É nesse momento que a humanidade se torna testemunha do seu auge. Nenhuma grande conquista humana seria de fato grandiosa sem que fosse regada a tentativa e erro. São muitas quedas antes do avião, inúmeras pinceladas antes de Mona Lisa, muitos pés no chão antes de chegar ao espaço.
Já dizia um provérbio japonês: “Pouco se aprende com a vitória, mas muito com a derrota”. Com esse eu concordo. Não por ser japonês, mas por praticamente ditar minha filosofia de vida. Nunca fui realmente bom em algo no qual não tenha errado muito. E nesse imenso mar de fracasso, quanto mais fundo você for, maior o peixe. Perseverança é tudo.
O que seria de nós hoje se Einstein, Newton ou Pitágoras tivessem resolvido parar de tentar por acharem muito difícil ou por não ser conveniente? O que falta a este mundo de facilidades não são mentes brilhantes (vivemos num planeta de quase seis bilhões e meio de habitantes), mas pessoas capazes de sair da mesmice em favor de algo maior. Por mais que seus neurônios sejam os mais rápidos ou os mais numerosos, a sua genialidade só será reconhecida no seu esforço de fazer algo memorável, fora do comum. Tente muito, erre bastante, nunca desista e aproveite o sucesso.

Rafael Rogério Santos