sábado, 2 de outubro de 2010 | By: Ócios do Ofício

Aprisionados

          
         Duas pessoas caminham pela rua. Conversam e olham fixa e apaixonadamente uma para a outra. Não se tocam nem se beijam, apenas se admiram. Gravam para si os trejeitos, as feições, as expressões, as caretas e os sorrisos. Conquistam em gestos, em palavras. Provocam mutuamente. Despertam sentimentos, não necessariamente bons.
            Enquanto estão lá a incitar emoções positivas, outros estão a se odiar. O ódio não encontrasse apenas entre inimigos. Ele está também em relações que, na teoria, deveriam ser de amor. E o que é o amor? Sem saber explicar, posso resumir. Um sentimento. Amor de pai e filho, entre amigos, de homens e mulheres. E é neste último, o meu foco.
Seres tão complexos e diferentes uns dos outros. Com tantos defeitos e peculiaridades. Com objetivos e anseios antagônicos. Por que será então que todos buscam incessantemente a sua metade da laranja, a sua tampa da panela, a sua cereja do sorvete? Por sermos humanos, temos a necessidade de amar e ser amados, concomitantemente.
Qual a causa de submetermo-nos a outrem? Equilíbrio, segurança, estabilidade. Nenhum destes motivos, porém, são justificáveis. Suportam-se, fingem ser o que não são, adotam máscaras. Cedo ou tarde, e com toda certeza, elas cairão. O medo de ficar sozinho transformará você em um prisioneiro. Prisioneiro de si mesmo. Liberte-se. Prefira ficar sozinho a viver atrelado a uma relação de comodismo. Por permanecer inerte, você perde inúmeras chances. Se você não ama, deixe, abandone, descarte. Se você ainda ama, lute. Não deixe que a aliança seja o único símbolo de que há amor. Demonstre.

Bruna Silveira

1 comentários:

Henrique Neri disse...

Você me fez pensar em fazer alguma coisa! Obrigado.

Texto muito bem escrito, parabéns!

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