terça-feira, 14 de setembro de 2010 | By: Ócios do Ofício

E se eu fosse mulher?


Dos pensamentos obscenos sobre mulheres siliconadas e lances futebolísticos às variedades intermináveis de cores de maquiagem para a região ocular e inesgotável adoração por sapatos. Compreendê-las sob a óptica masculina é, no mínimo, irrisório. Para tal intento, portanto, adotei uma visão a partir do foco feminino. Em vez de respostas, mais perguntas. O que as faz tão boas em nos confundir, nos desesperar? O que há por trás da sua razão emocional tão irracional e ineloquente?
Tentar colocar-se do outro lado desta barreira morfofisiológica é um tanto quanto inusitado. Fico imaginando minha preocupação, agora recorrente, com a vestimenta alheia, com a maquiagem – quase nunca a minha - com os brincos que não combinaram com os sapatos, a formação e ruptura de casais ou ainda o interesse quase que instintivo em acompanhar diariamente o meu horóscopo. Penso também no lado não tão glamoroso dos dias de TPM - o flagelo masculino – e nos momentos de separação amorosa, irrigados a chocolate, consolo das colegas e programas melosos. Sem falar na posterior retaliação do pobre coitado, vítima do seu próprio erro. Tudo isso em meio a inúmeras incursões ao banheiro, eternamente acompanhada, e quase nunca com o propósito de cumprir o objetivo para o qual o aposento foi destinado.
Mas o que mais me intriga é sua, ou minha, desenvoltura no que se refere a relacionamentos. Deus, ao nos tirar uma costela, deu-nos dor de cabeça. Minha falta de objetividade vitimaria tantos corações quanto possível, sempre em busca de um príncipe encantado possuidor de um aparelho telepático, que pudesse satisfazer-me antes mesmo de indignar-me? Seria eu refém desta mania infeliz de ver todos os homens da mesma maneira? Talvez sim, talvez não, mas infelizmente a realidade aponta para a primeira.
Meninas, garotas, mulheres. Amá-las? Provável. Entendê-las? Impossível. Se por trás de todo grande homem existe uma grande mulher, o que existe por trás de uma grande mulher? Com certeza não uma figura masculina, somos orgulhosos demais para bancar a “esposa” da relação. Ao contrário delas, sentimentalismo nunca foi nosso forte, e nos orgulhamos disso. Afinal manter-se distante, algo que dominamos com maestria, deixa-nos a sensação de segurança, de conforto. A verdade é que todos têm inseguranças, homens e mulheres. Esta é a sensação mais solidária do ser humano, a de maior presença. Mais que urinar em pé ou sentado, mais que ser o Adão ou a Eva, o azul ou o rosa, somos diferentes pela forma com vemos de ângulos opostos a face da mesma moeda.

Rafael Rogério Santos

4 comentários:

Bruna disse...

demaaaaais!

Samanta Silva disse...

show, adorei!
parabéns pelo texto Rafael :D

Rafael disse...

Obrigado!

Anônimo disse...

Muito bom Rafa, esse texto me fez lembrar daquele ator indiano do filme "gurú do sexo"

André Silveira

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